«...um monstro fabuloso adormecido». Amorim Girão;
«a mais linda serra de Portugal». José Júlio César;
«a mais pitoresca talvez...». Guia de Portugal;
«... é região cheia de encantos». João Arede (Abade de Cucujães).
Este blog, amador, foi criado com o intuito de divulgar atividades e acontecimentos relevantes da Serra do Caramulo, bem como o seu património!
Fornece, também, informações importantes para quem pretende visitar e conhecer a região!
"Viaje" pela Serra (des)conhecida, explorando os seus conteúdos!
Consideramos que a nascente da ribeira das Águas
d'Alta fica localizada nas proximidades da Mata dos viveiros. A ribeira passa
em Santiago de Besteiros e desagua no rio Criz. Junto da localidade de
Pedronhe, encontramos, talvez, o ponto mais pitoresco desta linha de água, a
famosa Bica de Água D’ Alta. Uma queda de água com cerca de 20 metros. Este
desnível resulta, provavelmente, de processos de erosão diferencial numa área
de contacto de xistos e granitos. A erosão diferencial é um
fenómeno erosivo presente na formação do relevo. Os materiais rochosos mais
resistentes formam saliências no terreno e os menos resistentes ou sujeitos a
fraturas formam depressões. Amelhor altura para se observar e fotografar esta queda de água é durante os meses em que ocorre mais precipitação.
No
dia 28 de dezembro, para finalizar as atividades de 2019, a Montis,
Associação de Conservação da Natureza, sediada em Vouzela,
organizou uma caminhada ao longo da rota dos Caleiros/Caramulinho,
intitulada Passeio da Biodiversidade. A atividade contou, a nível
local, com o apoio do CEISCaramulo (Centro de Estudos e Interpretação
da Serra do Caramulo).
Os
participantes realizaram a inscrição através de formulário
específico para o efeito, email (montisacn@gmail.com) ou telefone (
232 774 040). O percurso de dificuldade média/baixa,
maioritariamente em estrada de terra batida e circular começou pelas
14:30 na base do Caramulinho (40°32'54.79"N 8°12'6.90"W).
A meteorologia foi importante para o sucesso da atividade. Apesar de
estarmos no inverno, o dia foi primaveril com sol e ausência de
vento!
Vários
temas foram abordados ao longo da rota, nomeadamente aspetos naturais
e humanos da paisagem: lameiros e zonas agrícolas, estruturas
geológicas, flora, fauna...
Na
aldeia de Jueus visitou-se o Posto de Observação da Natureza,
antiga escola primária. Aqui, no recinto exterior, os participantes
exploraram os placares informativos e contemplaram serenamente a
paisagem sobre o Planalto Beirão até à serra da Estrela. No
interior, um dos elementos do CEISCaramulo, explicou, brevemente, a
missão desta Associação e a forma como tem dinamizado este Posto
de Observação da Natureza. Também, foram dadas explicações sobre
caraterísticas da serra e, ainda, houve tempo para visualização de
um vídeo promocional e explicativo da rota dos Caleiros e da serra
do Caramulo. O seu conteúdo foi do agrado de todos! Apresentamos, de
seguida, uma hiperligação para a visualização do teaser deste
vídeo: https://www.facebook.com/CEISCaramulo/videos/723693057977494/.
Depois
de um breve diálogo, a caminhada continuou até à aldeia de
Pedrogão e seguiu-se o traçado da rota dos Caleiros/Caramulinho até
à estrada de alcatrão que liga a vila do Caramulo ao Caramulinho.
Neste lugar, dado o avançado da hora, houve necessidade de encurtar
o percurso, tendo-se seguido o asfalto até ao ponto de partida.
O
crepúsculo do fim do dia, acompanhado do pôr-do-sol no horizonte
com um céu multicolor e as luzes cintilantes dos aglomerados
populacionais da região da Bairrada deixaram os corações dos
pedestrianistas repletos de satisfação. Neste momento, se a
natureza foi generosa, a Montis não ficou atrás, tendo presenteado
os participantes com uma saborosa merenda de várias iguarias e
bebidas, incluindo café e chá quente. Fantástico!
É intenção da Montis e do CEISCaramulo realizarem, no futuro, outras ações em conjunto. Salientamos
que o CEISCaramulo tem como missão a promoção da região da serra
do Caramulo, não só no concelho de Tondela, onde tem a sede, mas
também em todos os concelhos com território serrano. Neste momento,
está a preparar um seminário sobre Educação Ambiental que se
realizará em março, no qual para além da apresentação do "Guia
da Flora Vascular da Serra do Caramulo", está previsto que
sejam explicados projetos/ações de educação ambiental que têm sido desenvolvidos em território serrano. Neste ponto, contamos com
a participação e o testemunho da Montis.
A mata dos viveiros é um
local verdejante todo o ano com diversas espécies arbóreas. O espaço
constituído pela mata dos viveiros e área envolvente transmite uma imensa paz
de espírito!O nome advém do facto de nesta área terem
existido viveiros. Um pequeno “recinto”, ao ar livre, com diversas espécies de
árvores jovens que se destinavam a serem transplantadas.
Se for sua intenção conhecer melhor este espaço, apresentamos, de seguida, uma sugestão de uma rota pedestre, neste caso para uma tarde de um final de dia de outono/inverno! Neste momento, trata-se de uma proposta, pelo que, a mesma, não apresenta sinalética. Descobrir e identificar diversas espécies arbóreas e outras, ouvir o som da água a correr em pequenos regatos, analisar a arquitetura peculiar da casa do guarda florestal e do posto de vigia, sentir os cheiros da floresta, observar para leste a paisagem sobre o planalto beirão até à Serra da Estrela e para oeste a vertente ocidental serrana até á faixa litoral, contemplar múltiplas cores do céu entre o azul do dia do dia e o escuro da noite com "pinceladas" do pôr-do-sol, são alguns dos pontos fortes desta rota. Boa caminhada!
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Visualizar o percurso em modo ecrã inteiro!
“Em 1938, foi aprovado o
Plano de Povoamento Florestal, que previa, em 30 anos, arborizar 420 000
há, melhorar 60 000 há de pastagens, construir reservas naturais e parque
nacionais em cerca de 33 500 ha (…), estabelecer 125 viveiros, construir
940 casas de guardas e 140 postos de vigia, para além de instalar uma completa
rede de infra-estruturas viárias e de telecomunicações”…http://www.isa.utl.pt/pndfci/A1_Perspectiva_Historica.pdf Algumas pessoas da região,
ainda que poucas, trabalharam na manutenção dos viveiros. Os trabalhos eram
supervisionados pelo Mestre António Pereira
de Santiago de Besteiros.
Falar da mata dos viveiros
do Caramulo obriga a falar sobre o povoamento florestal da Serra do Caramulo.O Plano de
Povoamento Florestal, regulado pela Lei n.º 1971, de 5 de junho de 1938, passou
a constituir a lei fundamental sobre os baldios... A controvérsia sobre baldios
aumentou de 1938 a 1944, aparecendo a florestação como uma imposição de caráter
nacional, levada a cabo pelos serviços florestais. Os
denominados Perímetros Florestais, associados às casas e guardas florestais,
foram constituídos por terrenos baldios, autárquicos ou particulares e, ainda,
estão submetidos ao Regime Florestal Parcial por força dos Decretos dos anos de
1901.
O período de 1940-44 foi a grande época, pois foram
submetidos 17 novos perímetros florestais. Em 1941 foram submetidos os perímetros
florestais da área serrana: Penoita, Caramulo, Arca e Préstimo. O Perímetro
Florestal do Caramulo, já criado em 1933 (Decreto de 30 de janeiro de 1933),
passa nesse ano, a ter uma área alargada... (DGSF- 75 anos de actividade na arborização de serras, Ministério da Economia,
Lisboa, 1961).
Na década de 60, os registos da Direção Geral dos
Serviços Florestais referem que o perímetro do Caramulo tem 2 890 ha e
estende-se pelos concelhos de Tondela, Oliveira de Frades e Vouzela. Nessa
altura, foram plantadas várias espécies, que podemos encontrá-las, ainda hoje, na
mata dos viveiros: bétula, pinheiro latrix, carvalho, castanheiro e opinheiro
bravo em associação com acácia
melanoxylon.
As
últimas referências legais indicam que o perímetro do Caramulo encontra-se sob
gestão direta do ICNF, I.P. e está identificado na Deliberação do ICNF, n.º
717/2017, de 29 de Julho de 2017, publicada no Diário da República n.º 144, 2.ª
série, de 27 de julho de 2017.
A Montis (Associação
de Conservação da Natureza), com sede em Vouzela, dinamizou
no dia 14 de dezembro diversas atividades que envolveram cerca de duas dezenas de pessoas.
“A MONTIS é
uma Organização Não Governamental, sem fins lucrativos e de âmbito nacional.
Está sedeada em Vouzela, Viseu, foi criada no dia 23 de Março de 2014 e tem
como objetivo central gerir territórios, com relevância para a conservação dos
valores naturais. Os objetivos centrais desta associação, que conta atualmente
com cerca de 350 sócios, portugueses e estrangeiros, são garantir o desenvolvimento
dos processos naturais, promover a conservação de espécies autóctones, gerir de
forma inteligente os fogos florestais e outros riscos naturais e aumentar o
valor de mercado da biodiversidade”. http://montisacn.com/
Por volta
das 10h00 os participantes encontraram-se no EcoMuseu de Carvalhal de Vermilhas
(antiga escola primária) e de seguida procedeu-se ao passeio às propriedades da
Associação, dando-se particular atenção à regeneração natural resultante do
fogo de 2017. Tratou-se de um percurso de dificuldade média/baixa com cerca de 2
km. Dialogou-se sobre incêndios florestais, os trabalhos feitos na propriedade
e evolução dos mesmos, especialmente na condução da regeneração natural.
Uma vez que os
últimos dias foram de chuva e o terreno estava ligeiramente enlameado, a
organização disponibilizou galochas e capas de chuva aos precipitantes que se apresentaram
menos preparados para enfrentar as referidas condições meteorológicas e
telúricas.
Depois do almoço
volante no EcoMuseu de Carvalhal de Vermilhas, decorreu a Assembleia Geral da
Montis. Nesta Assembleia foi eleito como novo presidente o sócio Pedro Oliveira, substituindo Henrique Pereira dos Santos.
Da parte da
tarde no Auditório da Binaural/Nodar, em Vouzela, participantes das atividades
da manhã e outros, tiveram possibilidade de assistir a dois episódios da série
documental, “1001 Margaraças – Uma viagem pessoal pela floresta nativa”, da
autoria de Pedro Lérias e com realização de Paulo Martinho. Neste trabalho
estão presentes as viagens do autor à descoberta da floresta nativa de
Portugal, ao mesmo tempo que partilha conhecimentos sobre gestão e conservação da
natureza. “O Caminho da Margaraça”, primeiro episódio, deu a conhecer a Mata da
Margaraça, um dos bosques mais antigos de Portugal. “Do Fogo Controlado aos
Carvalhais”, segundo episódio, foi possível descobrir como a Montis está a
reconverter um giestal num Carvalhal, na Serra da Arada.
Um grande
bem-haja à organização e a todos os participantes!
“Caramulo é uma designação muito antiga, proveniente dos vocábulos nostrágicos “cara” (= alto, elevado ou grande) e “mulo” (= elevação) ou “mula” (= penhasco). O nostrágico terá sido uma língua falada há cerca de 10000 anos, antes da separação entre o indo-europeu e as línguas urálicas, altaicas, kartvelianas, hamítico-semíticas e dravidianas (SIMÕES DA SILVA, pers. comm.). Assim, a palavra Caramulo significa “grande elevação” ou “penhasco elevado”, o que é inteiramente correcto e apropriado. A Serra do Caramulo, também conhecida por Serra de Alcoba –designação antiga, de onde provém o adjectivoalcobês (AMORIM GIRÃO, 1985: 812)…" (ALMEIDA, J. 2009. Flora e Vegetação das Serras Beira-Durienses. Coimbra). A designação de serra de Alcoba está em completo desuso! Curiosamente, existe um ditado, em toda região lafonense, que está associado a este nome (Alcoba), relacionado com um vento de SO que, por vezes, se faz sentir nestas paragens: Alcobês, venta um e chove três!
Também, aparece associado à toponímica- Macieira de Alcoba (concelho de Águeda). Atualmente (2019) integra a União de freguesias de Préstimo e de Macieira de Alcoba. Segundo a literatura consultada, Alcoba deriva do árabe, significando cúpula, zimbório. Os dicionários explicam que zimbório, em termos arquitetónicos, corresponde à parte externa e superior da cúpula de um edifício e, também, pode significar "espaço onde estão os astros=céu, firmamento". O terceiro volume do Guia de Portugal de 1972 refere que em posição sobranceira à povoação de Varzielas existe um cabeço designado pelo diminutivo Alcobela. www.serra-do-caramulo.blogspot.com
Este ano repetiu-se a tradição... No dia um
de dezembro, centenas de participantes, uns de mais perto outros de mais longe,
tiveram um objetivo em comum: chegar ao Caramulinho de bicicleta. Nem a chuva
nem o frio demoveu esta gente! Em princípio, para o ano há mais! Até lá,
continuação de boas pedaladas!
A
cumeada da Serra do Caramulo constitui a linha divisória das águas que correm
entre os rios Vouga e Mondego. O rio Vouga limite a norte a Serra do Caramulo. Nasce
a 930 metros de altitude, na serra da Lapa, mais precisamente no chamado
Chafariz da Lapa, concelho de Sernancelhe, distrito de Viseu. Depois de se
"transformar" na Ria de Aveiro, desagua no oceano Atlântico. Um dos
seus principais afluentes, na margem esquerda, é o rio Águeda, o qual tem a sua
nascente na Serra do Caramulo.
Entendemos que a junção de duas pequenas linhas de água com
caudal idêntico, próximo da localidade de Varzielas (concelho de Oliveira de
Frades), pode ser considerado o lugar da nascente deste rio. Serpenteia a vertente
ocidental até desaguar no rio Vouga, em Eirol, concelho de Aveiro.
No seu percurso, de cerca de 40 quilómetros, atravessa a vila
de São João do Monte (concelho de Tondela), onde, a fazer jus ao seu nome,
encontramos a Praia Fluvial Paraíso, a qual fica situada entre duas pontes:
Ponte Nova e Ponte Velha (estilo românico). Segue para jusante até encontrar a
cidade que lhe dá o nome: Águeda. Para além da praia fluvial Paraíso,
desacatamos outras deste curso de água, localizadas no concelho de Águeda, muito frequentadas nos
meses de Verão: Talhada; Redonda; Bolfiar; Souto Rio.
Em Bolfiar o Rio Águeda recebe as águas do Alfusqueiro.
No leito do Rio Águeda a Penha da Firme é, provavelmente, a maior cascata de água da Serra do Caramulo. Vale a pena visitar! O acesso a este local, ainda que não seja propriamente fácil, faz-se a partir da localidade de Ramalhal, situada a 4 quilómetros da vila de São João do Monte (sentido Caramulo- Águeda, seguindo a EN 230).
O
rio Águeda tem vários afluentes, dos quais salientamos os que nascem na Serra
do Caramulo: ribeira do Souto (rio da Quinta); rio Agadão; rio Alfusqueiro.
A Ribeira do Souto, Ribeira de/das Dornas ou Ribeira do Teixo são
designações da carta militar nº187 para a mesma linha de água. A estas
designações acrescentamos outras que são referidas pelas pessoas que vivem nas
proximidades deste curso de água: Rio da Quinta, Rio de Mançores. Consideramos que a sua nascente fica localizada a cerca de 950m de altitude, nas proximidades do Caramulinho.
Ponte da Quinta Demenderes.
A sua foz acontece na Talhada, onde se encontra com o Rio Águeda, na
margem esquerda deste curso de água, mais caudaloso do que a Ribeira. Neste local
existe uma praia fluvial e bem próximo uma aldeia com o mesmo nome (Talhada) ...
O Rio
Agadão nasce na Serra do Caramulo (…), passa pela localidade de Agadão e desagua na margem esquerda do Rio Águeda, um pouco para montante da
localidade da Redonda …
Aspeto do Rio Agadão nas proximidades da ponte da Falgarosa.
O Rio
Alfusqueiro é afluente do Rio Águeda. A Wikipédia refere que a nascente
localiza-se próximo de Carvalhal de Vermilhas, no entanto, a literatura local (monografia
do concelho de Vouzela) indica outro local: as Malhadas de Cambarinho. Passa por Cambra, Campia, Destriz, Préstimo
e termina em Bolfiar. Principais afluentes do Alfusqueiro: Rio Couto, Rio
Alcofra…
Porto Várzea. Campia.
Apresenta
várias praias fluviais ao longo do seu percurso (de montante para jusante):
Praia fluvial de Cambra (junto à Torre medieval); Porto Várzea; Destriz;
Cortez; Préstimo; Bolfiar (no ponto de encontro entre os Rios Águeda e
Alfusqueiro).