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Este blog, amador, foi criado com o intuito de divulgar atividades e acontecimentos relevantes da Serra do Caramulo, bem como o seu património! Fornece, também, informações importantes para quem pretende visitar e conhecer a região! "Viaje" pela Serra (des)conhecida, explorando os seus conteúdos!

MERGULHOS NA PRAIA DO PARAÍSO E NO POÇO LAGAR EM MANÇORES (S. JOÃO DO MONTE)

MERGULHOS NA PRAIA PARAÍSO E NO POÇO LAGAR (MANÇORES)

União de freguesias de João do Monte e Mosteirinho

Programa: “Património das Freguesias – Quercus + Freguesias + Coletividades”

No dia 26 de agosto de 2017 realizou-se a atividade “Património Fluvial da União de Freguesias de São João do Monte e Mosteirinho: Mergulhos na Praia Paraíso e no Poço Lagar (Mançores)”, orientada por Pedro Pereira, João Branco, João Baptista, que envolveu duas dezenas e meia de pessoas. Esta atividade, inserida no programa “Património das Freguesias – Quercus + Freguesias + Coletividades”, foi dinamizada pelo Núcleo Regional de Vila Real e Viseu da Quercus em parceria com as seguintes entidades: Associação Desportiva Cultural e Recreativa de S. João do Monte; Centro de Estudos e Interpretação da Serra do Caramulo; União de freguesias de São João do Monte e Mosteirinho. A nível local, contou com apoios de residentes das aldeias de Mançores e Almijofa nomeadamente na identificação, limpeza de trilhos e na confecção do almoço; um agradecimento especial ao Sr. José São Bento e aos Srs. Custódio e Adelino, entre muitos outros a que pedimos desculpa por os não nomear.
Este projeto é, claramente, fruto da experiência e da aprendizagem que foram adquiridas na freguesia de São João do Monte ao longo das sete edições do programa da Ciência Viva no Verão (um projeto pioneiro de nível mundial) e que foram bem acarinhadas, desde o início, pela Associação local e pela Junta de Freguesia.
São objetivos do Programa “Património das Freguesias – Quercus +Freguesias + Coletividades”: 1) aproximar os cidadãos do Património Natural existente nas freguesias, através da troca de conhecimentos com especialistas; 2) divulgar e valorizar locais e estruturas com interesse natural; 3) promover o contacto entre pessoas e disseminação de conhecimentos e práticas de valorização/preservação da Natureza num ambiente de valorização pessoal.
A atividade deste ano, intitulada Património Fluvial da União de Freguesias de São João do Monte e Mosteirinho: Mergulhos na Praia Paraíso e no Poço Lagar (Mançores)” realizou-se junto das duas linhas de água principais do território, o Rio Águeda e a Ribeira do Souto/Dornas, dando-se particular atenção ao património fluvial.

Iniciou-se esse dia com uma recepção calorosa aos participantes na casa da Câmara (cadeia), junto ao Pelourinho, ambos localizados nos paços do antigo concelho. A Organização prestou informações gerais sobre o património humano e natural da União de Freguesias e sobre as atividades previstas para o dia. Depois de um pequeno-almoço substancial e diversificado, com produtos da região, deslocámo-nos em viaturas da Associação Desportiva Cultural e Recreativa de S. João do Monte para a localidade de Almijofa, onde iniciamos um percurso pedestre que teve o seu término na povoação de Mançores.

Como o próprio nome da atividade refere, os mergulhos e os saltos para a água límpida e com temperatura amena, no Poço Lagar, após a caminhada, foram uma realidade que deliciaram os participantes, especialmente os mais jovens, numa paisagem verdadeiramente inspiradora e diversificada de biodiversidade. Apesar dos mergulhos terem sido bastante arrojados e acrobáticos, tudo correu com a máxima segurança, graças à grande maturidade e sentido de responsabilidade revelado por todos os banhistas de água doce.
O almoço, na antiga escola primária de Mançores, confecionado com produtos locais, e o convívio, foram mais uma vez verdadeiramente aliciantes. O espírito sincero de todos os participantes foi sentido graças à disponibilidade e oferta da Associação Desportiva Cultural e Recreativa de S. João do Monte e pelo excelente profissionalismo dos voluntários envolvidos, Miguel Matos, José Gonçalves, entre outros.
A segunda parte da atividade, iniciou-se com a visita guiada, feita pelo Sr. Custódio, à sua exploração de cogumelos da espécie Lentinula edodes, que origina os cogumelos conhecidos por shiitake, constituída por duas estufas climatizadas de produção de cogumelos, com recurso à técnica de inoculação em tronco de madeira, maioritariamente de carvalho. Após as explicações técnicas detalhadas e a observação das diferentes etapas de produção, todos os participantes ficaram a saber como se produzem e os cuidados a ter, que são muitos, neste tipo de produção agrícola em estufa.
Após a visita nosso destino foi a Praia do Paraíso em S. João do Monte. Depois de uma pequena caminhada para conhecer a beleza cultural e natural da zona envolvente, seguiram-se os mergulhos nas águas represadas do Águeda. 
A atividade foi do agrado de todos! Participaram ativamente na organização desta atividade, Pedro Pereira (natural de São João do Monte), Mário Martins (Presidente da Associação Desportiva Cultural e Recreativa de S. João do Monte), João Branco (Presidente da Direção Nacional da Quercus) e João Carlos Baptista (Presidente do Núcleo Regional de Vila Real e Viseu da Quercus).
Agradecemos a participação e o espírito de confraternização demonstrado por todos e aconselhamos a participação em futuras atividades, assim como a visitar esta região da serra do Caramulo que é muito muito especial, não só a nível natural, como a nível humano. Relembramos que o Homem, espécie designada por Homo sapiens, com a sua sabedoria milenar passada de geração em geração, é o fator determinante na resolução dos desafios sociais e ambientais deste século XXI, onde tudo, neste planeta Terra, se passa a uma velocidade vertiginosa.
Quercus Vila Real e Viseu

Notícia em O Beirão Online:

O ERMITÃO DA SENHORA DO BOM DESPACHO

O ERMITÃO DA SENHORA DO BOM DESPACHO
NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO

Hoje, vivo uma miscelânea de sentimentos e de imagens que vagueiam no pensamento. Imagens de vivências passadas das festividades da Nossa Sra do Livramento e da história verídica que lhe deu origem- O  ERMITÃO,  contada de geração em geração e narrada em texto por José Júlio César (Natural de São João do Monte. Indefectível regionalista. Exerceu advocacia na cidade de Viseu. Defendeu sempre São João do Monte e a Serra do Caramulo. Autor de inúmeros registos escritos: “O ERMITÃO da Sra do Bom Despacho- São João do Monte”; “Serra do Caramulo. A mais linda Serra de Portugal”;  “Serrano também ser gente”;…). 
Recordo-me das festividades da Nossa Sra do Livramento dos tempos da minha infância, ainda em férias escolares… A festa começava com missa e seguia-se a procissão acompanhada com banda filarmónica e foguetes. Percorria a estrada de terra batida até ao cruzeiro. Os bosques que rodeiam a capela enchiam-se de gentes que almoçavam ali. Mantas serviam de mesas… A enchente era tão grande que na véspera as pessoas marcavam lugares. O recinto de festas enchia-se de vendedores ambulantes e da parte da tarde a banda tocava no coreto. Tudo estava preenchido, não havia mais espaço…
Pessoas oravam com grande devoção e cumpriam promessas de joelhos dentro e à volta da capela. A água da fonte/nascente  Nossa Sra do Livramento era de uma frescura inigualável e no meu inconsciente estaria associada a algo de sagrado!
Sinto que o fulgor desta festa após os meados da década de oitenta do século passado foi perdendo força. Alguns possíveis motivos: diminuição da população residente; aumento de pessoas empregadas, com dificuldade em faltar nesta altura;  alteração do inicio do ano letivo escolar; diminuição da crença religiosa…
E depois, mais tarde… Recordo-me da representação teatral desta história e do que, algumas vezes, disse para a plateia, em jeito de apresentação….
            Esta peça Teatral intitula-se “ O Ermitão” e baseia-se numa história real que se passou nos anos de 1700. É responsável pela existência da festa da Nossa Senhora do Livramento ou do Bom Despacho  que se celebra todos os anos a 8 de setembro.
No início do sec. XX, José Júlio César, com o intuito que a história verídica do Ermitão não se perdesse no tempo, publicou-a em folhetins de diversos jornais. Foi a partir do texto de José Júlio que elaborou-se a adaptação da história para uma peça teatral. O Ermitão é a personagem principal, cujo o nome próprio é Plácido Francisco. Durante a infância fez muitas maldades, chegando mesmo a ser a excomungado. Na juventude apaixonou-se por uma bela rapariga, Laura, que por acaso era sua prima, com a qual pretendia casar-se, mas tal não era possível porque tinha sido excomungado. Para poder casar, Plácido dirigiu-se ao Vaticano para obter uma bula papal, por forma a levantar a excomunhão.
Depois de ter conseguido a bula papal na viagem regresso, o navio foi envolvido numa violenta tempestade em mar alto. No meio da aflição  prometeu construir uma capela na serra num local donde se visse o mar, caso conseguisse salvar-se… Vou ficar por aqui na história, não vos vou dizer mais… muito obrigado pela vossa atenção. Votos de uma boa noite de teatro e fiquem com a peça teatral o Ermitão…
É de referir que no início das festividades da Sra do Bom Despacho e durante muitos anos, as mesmas prolongavam-se pela noite dentro. A tradição foi-se perdendo... Das pessoas vivas, penso que ninguém se lembra ter participado nas festividades noturnas …
Hoje, oito de setembro de 2017, a festividade durante a tarde e noite realizou-se junto da capela, com música e muita animação, de forma idêntica ao antigamente. Embora com as diferenças inevitáveis das épocas, o espírito festivo renasceu naquele lugar e preencheu com imagens e sentimentos  um espaço que estava vazio nas Nossas mentes... Obrigado!

Plácido Domingues, o Ermitão, e a sua apaixonada Laura estiveram entre nós!  Com certeza que estão muito felizes, pois a sua história de amor não morreu para os mortais e é inequivocamente uma grande lição: o amor não existe, apenas, numa dimensão terrena – O AMOR PODE SER ETERNO.
Nossa Senhora do Livramento, 8 de Setembro de 2017