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Este blog, amador, foi criado com o intuito de divulgar atividades e acontecimentos relevantes da Serra do Caramulo, bem como o seu património! Fornece, também, informações importantes para quem pretende visitar e conhecer a região! "Viaje" pela Serra (des)conhecida, explorando os seus conteúdos!

Geologia, Paisagem e Património da Freguesia de S. João do Monte

“Geologia, Paisagem e Património da Freguesia de S. João do Monte (Serra do Caramulo)” foi uma acção do Programa Ciência Viva no Verão 2008, realizada no dia 30 de Julho. Tratou-se de uma iniciativa da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, dinamizada pelo Departamento de Geologia da Universidade de Trás-os-Montes, com os apoios da Junta de Freguesia e da Associação Desportiva Cultural e Recreativa de São João do Monte. Em http://www.cienciaviva.pt, podia-se realizar a inscrição, bem como a consulta de informações gerais sobre a acção.
Concentração na Vila de São João do Monte junto ao PelourinhoPela manhã os dezoito participantes encontraram-se junto ao pelourinho, onde foi feita uma apresentação individual e distribuído o roteiro. São João do Monte foi Vila e sede de concelho até 1855. Nesse ano, com a reforma de Frederico Guilherme da Silva Pereira e Rodrigo da Fonseca Magalhães o concelho foi extinto, passando para Tondela todas as suas freguesias, excepto as de Alcofra, Arca e Varzielas. Em 1997 recuperou o seu título de Vila. Pelo meio da localidade, passa o rio Águeda, onde existe uma praia fluvial com beleza impar a fazer jus ao seu próprio nome: Praia fluvial Paraíso. O Jornal do Centro, na ed. 283, 17 de Agosto de 2007, na notícia “Distrito com duas praias fluviais classificadas” refere o seguinte: “… das 16 praias fluviais existentes no distrito, apenas a praia de Folgosa, em Castro Daire, e a praia fluvial de São João do Monte, em Tondela, reúnem as normas de segurança e de qualidade. A lista foi elaborada pelo Instituto da Água (INAG), em conjunto com as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regionais (CCDR), …”.
Formas graníticas junto a Almofala
Neste local, foi realizada uma observação de blocos graníticos que se assemelham a figuras geométricas, zoomórficas... Os granitos, gerados a grandes profundidades, encontram-se à superfície sob condições de temperatura e pressão muito diferentes daquelas a que foram originados, o que torna os seus minerais constituintes instáveis. A meteorização destas rochas está condicionada pelas características intrínsecas à própria rocha (composição mineralógica, textura e porosidade), pelas descontinuidades da rocha (falhas e diáclases) e pelo clima, o que origina formas dispares, assemelhando-se a figuras de humanos, animais, geométricas, dependendo do ângulo de que são vistas.
Caramulinho
O Caramulinho” é um excelente miradouro e constitui o ponto com maior altitude da Serra (1074m de altitude). Apresenta uma área aplanada junto à base e o seu pico descarnado deve-se à erosão. É uma zona de fronteira entre as freguesias do Guardão e de São João do Monte. Estes relevos de dureza resultaram de relações entre tipo de rocha, tectónica e erosão.
Cabeço das Buracas (junto à povoação do Teixo)O Cabeço das Buracas localiza-se num terreno designado de Soudes, nas proximidades da povoação de Teixo. O seu aspecto exterior assemelha-se com uma cabeça de uma ave de rapina. Trata-se de um bloco granítico furado no interior com reentrâncias que parecem esculpidas pelo homem, no entanto, trata-se de mais uma obra da mãe natureza… A entrada não é de fácil acesso. No seu interior deslumbramos um espectáculo de alvéolos de diferentes dimensões e profundidades irregulares. A sua delimitação faz lembrar um emaranhado de cordas grossas que aleatoriamente se cruzam. Estas cavidades alveolares, denominadas de “tafoni” (no singular diz-se tafone) são possivelmente originadas pela acção conjunta da meteorização física provocada pela cristalização de sais ou, associadas ao gelo e degelo da água e pela acção do vento.
Queda de água da “Penha da Firma” - rio Águeda
Alguns autores referem que a atracção e o apelo que os seres humanos sentem pelas quedas de água reveste-se de um carácter estético, e até mesmo espiritual.
O rio Águeda nasce na Serra do Caramulo e muito se “entusiasma” a levar águas frescas ao Vouga, depois de receber águas do Alfusqueiro, junto a Bolfiar. Os cursos de água nesta região apresentam um encaixe nítido, correndo muitas vezes em vales apertados. Estes vales coincidem com o contacto entre granito e xisto, podendo o seu curso estar condicionado por falhas. Nas zonas de falha, o granito está “esmagado” e por isso a sua alteração química é mais pronunciada e as rochas são facilmente erodidas. Por outro lado, como o xisto é mais facilmente erodido que o granito, criam-se relevos por erosão diferencial.
“Poços fluviais da Pena Branca e Mertangil” - ribeira do Souto
Toda a freguesia é recortada por muitos cursos de água, associados a uma intensa fracturação da zona e a uma forte escorrência facilitada pela precipitação abundante e pelos declives das vertentes. Os dois cursos de água mais importantes da freguesia de São João do Monte são o rio Águeda e a ribeira das Dornas ou ribeira do Souto (designações presentes na carta militar nº 187, 1/25 000). Os participantes tiveram oportunidade de desfrutar da beleza ímpar destes ambientes fluviais e alguns deles aproveitaram para tomarem um banho refrescante.

BalançoA acção terminou na mata de São João no final do dia, com um pequeno lanche. Os responsáveis pela acção, Pedro Pereira, Nelson Pereira e João Carlos Baptista, em conjunto com os restantes participantes fizeram um balanço muito positivo sobre a forma como decorreram os trabalhos, perspectivando-se para o próximo ano uma nova acção deste género. Luís Henriques Pereira, presidente da Junta de Freguesia, participou na acção e referiu que se tratou de uma actividade importante na divulgação do património natural da freguesia, constituindo mais uma forma de promoção do desenvolvimento.
P.L.S.P.
plsp@sapo.pt
Publicado no Jornal de Tondela na Edição N.º 903 - 07/08/2008