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Este blog, amador, foi criado com o intuito de divulgar atividades e acontecimentos relevantes da Serra do Caramulo, bem como o seu património! Fornece, também, informações importantes para quem pretende visitar e conhecer a região! "Viaje" pela Serra (des)conhecida, explorando os seus conteúdos!
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Geologia e Geomorfologia da Serra do Caramulo. "Breve história"

  A Geologia é uma das ciências da Terra que estuda os materiais que existem no globo, o respetivo mecanismo de formação e as alterações que esses materiais têm sofrido ao longo dos tempos. Em termos geológicos, a Serra do Caramulo é constituída, essencialmente, por xistos, granitos e quartzitos. 
  Os xistos formaram-se, aproximadamente há 500 milhõesde anos..."Na parte meridional da Serra do Caramulo, mais afastada do granito, predominam os xistos argilosos, macios, cinzentos, e os xistos cloríticos, esverdeados e com poucas micas. Na zona N e NE, acentuam-se de forma progressiva as manifestações de metamorfismo, com o aparecimento de mica preta e mesmo de andaluzite, em certos pontos".https://blacksmoker.wordpress.com
  Os granitos têm aproximadamente 300 milhões de anos, tendo sido formados a seis quilómetros de profundidade. O material geológico que estava por cima do granito foi sendo erodido e desgastado. O desaparecimento desse material que estava sobre o maciço granítico, permitiu a abertura de fissuras que foram sendo moldadas ao longo dos tempos, originando formas típicas das paisagens graníticas que podemos observar por toda a serra, particularmente, com grande espetacularidade, em redor do ponto com maior altitude- o Caramulinho.
  Os quartzitos são rochas muito duras, formadas, como o nome indica, unicamente (ou quase unicamente) por quartzo. Os quartzitos mais cristalinos são normalmente metamórficos que resultam da recristalização de arenitos. Outros devem ser considerados rochas sedimentares, onde se pode verificar um pouco de cimento quartzoso envolvendo os grãos de quartzo. A distinção entre quartzitos metamórficos e sedimentares não é fácil, sendo necessário recorrer a um exame microscópio (ASSUNÇÃO, C. 1973).
"(…) A oeste da Senhora do Despacho surge novo degrau bem nítido, de direção NNE-SSW, e a seguir uma rechã a 500 m, sobre que assenta Macieira de Alcoba. Esta rechã que está talhada  no granito, embate, do lado norte, de encontro à crista quartzítica da Urgueira (…) A sul do paralelo de Destriz, a fase de aplanamento responsável pelo nível de São João do Monte atingiu sobretudo os xistos e grauvaques e complexo xisto-migmatítico; os granitos foram pouco afetados e a crista quartzítica da Urgueira resistiu a esta fase erosiva". (FERREIRA, B. 1978. p.211; p.214)
“Carta Geológica – Resumidamente, em termos litológicos, a Serra do Caramulo é constituída maioritariamente por xistos, granitos e depósitos sedimentares. Os xistos pertencem à formação do Grupo das Beiras, incluídas no Supergrupo Dúrico-Beirão ou “Complexo Xisto-Grauváquico” (CXG) que se encontra estruturada com uma orientação predominante WNW-ESE. Atualmente, a generalidade dos autores, de forma consensual, divide o CXG em Grupo do Douro e Grupo das Beiras”. Imagem e legenda extraídas de: https://blacksmoker.wordpress.com/2017/12/12/serra-do-caramulo 


A Geomorfologia é um ramo muito importante da Geografia que estuda as formas da superfície terrestre. Em termos geomorfológicos, numa análise de oeste para este, verificamos uma grande assimetria. Globalmente, a vertente ocidental desce progressivamente até atingir a plataforma litoral. A vertente oriental é muito ingreme, constituindo uma imponente escarpa com um desnível de 800 metros, fruto de uma falha tectónica com direção NNE- SSW, localizada na base desta vertente. O cabeço da neve é um dos melhores locais para observar a vertente escarpada.

Postagens deste blog relacionadas com o tema:

Geoformas graníticas do Caramulo

Grupo constituído por  trinta "exploradores" partiu à descoberta de geoformas graníticas do Caramulo.
Caramulinho, 01 de outubro de 2016. 


Extraído de; https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/35547/1/87_Antonio_Vieira_A_morfologia_granitica_e_o_seu_valor_patrimonial.pdf

Geologia, Paisagem e Património da Freguesia de S. João do Monte

“Geologia, Paisagem e Património da Freguesia de S. João do Monte (Serra do Caramulo)” foi uma acção do Programa Ciência Viva no Verão 2008, realizada no dia 30 de Julho. Tratou-se de uma iniciativa da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, dinamizada pelo Departamento de Geologia da Universidade de Trás-os-Montes, com os apoios da Junta de Freguesia e da Associação Desportiva Cultural e Recreativa de São João do Monte. Em http://www.cienciaviva.pt, podia-se realizar a inscrição, bem como a consulta de informações gerais sobre a acção.
Concentração na Vila de São João do Monte junto ao PelourinhoPela manhã os dezoito participantes encontraram-se junto ao pelourinho, onde foi feita uma apresentação individual e distribuído o roteiro. São João do Monte foi Vila e sede de concelho até 1855. Nesse ano, com a reforma de Frederico Guilherme da Silva Pereira e Rodrigo da Fonseca Magalhães o concelho foi extinto, passando para Tondela todas as suas freguesias, excepto as de Alcofra, Arca e Varzielas. Em 1997 recuperou o seu título de Vila. Pelo meio da localidade, passa o rio Águeda, onde existe uma praia fluvial com beleza impar a fazer jus ao seu próprio nome: Praia fluvial Paraíso. O Jornal do Centro, na ed. 283, 17 de Agosto de 2007, na notícia “Distrito com duas praias fluviais classificadas” refere o seguinte: “… das 16 praias fluviais existentes no distrito, apenas a praia de Folgosa, em Castro Daire, e a praia fluvial de São João do Monte, em Tondela, reúnem as normas de segurança e de qualidade. A lista foi elaborada pelo Instituto da Água (INAG), em conjunto com as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regionais (CCDR), …”.
Formas graníticas junto a Almofala
Neste local, foi realizada uma observação de blocos graníticos que se assemelham a figuras geométricas, zoomórficas... Os granitos, gerados a grandes profundidades, encontram-se à superfície sob condições de temperatura e pressão muito diferentes daquelas a que foram originados, o que torna os seus minerais constituintes instáveis. A meteorização destas rochas está condicionada pelas características intrínsecas à própria rocha (composição mineralógica, textura e porosidade), pelas descontinuidades da rocha (falhas e diáclases) e pelo clima, o que origina formas dispares, assemelhando-se a figuras de humanos, animais, geométricas, dependendo do ângulo de que são vistas.
Caramulinho
O Caramulinho” é um excelente miradouro e constitui o ponto com maior altitude da Serra (1074m de altitude). Apresenta uma área aplanada junto à base e o seu pico descarnado deve-se à erosão. É uma zona de fronteira entre as freguesias do Guardão e de São João do Monte. Estes relevos de dureza resultaram de relações entre tipo de rocha, tectónica e erosão.
Cabeço das Buracas (junto à povoação do Teixo)O Cabeço das Buracas localiza-se num terreno designado de Soudes, nas proximidades da povoação de Teixo. O seu aspecto exterior assemelha-se com uma cabeça de uma ave de rapina. Trata-se de um bloco granítico furado no interior com reentrâncias que parecem esculpidas pelo homem, no entanto, trata-se de mais uma obra da mãe natureza… A entrada não é de fácil acesso. No seu interior deslumbramos um espectáculo de alvéolos de diferentes dimensões e profundidades irregulares. A sua delimitação faz lembrar um emaranhado de cordas grossas que aleatoriamente se cruzam. Estas cavidades alveolares, denominadas de “tafoni” (no singular diz-se tafone) são possivelmente originadas pela acção conjunta da meteorização física provocada pela cristalização de sais ou, associadas ao gelo e degelo da água e pela acção do vento.
Queda de água da “Penha da Firma” - rio Águeda
Alguns autores referem que a atracção e o apelo que os seres humanos sentem pelas quedas de água reveste-se de um carácter estético, e até mesmo espiritual.
O rio Águeda nasce na Serra do Caramulo e muito se “entusiasma” a levar águas frescas ao Vouga, depois de receber águas do Alfusqueiro, junto a Bolfiar. Os cursos de água nesta região apresentam um encaixe nítido, correndo muitas vezes em vales apertados. Estes vales coincidem com o contacto entre granito e xisto, podendo o seu curso estar condicionado por falhas. Nas zonas de falha, o granito está “esmagado” e por isso a sua alteração química é mais pronunciada e as rochas são facilmente erodidas. Por outro lado, como o xisto é mais facilmente erodido que o granito, criam-se relevos por erosão diferencial.
“Poços fluviais da Pena Branca e Mertangil” - ribeira do Souto
Toda a freguesia é recortada por muitos cursos de água, associados a uma intensa fracturação da zona e a uma forte escorrência facilitada pela precipitação abundante e pelos declives das vertentes. Os dois cursos de água mais importantes da freguesia de São João do Monte são o rio Águeda e a ribeira das Dornas ou ribeira do Souto (designações presentes na carta militar nº 187, 1/25 000). Os participantes tiveram oportunidade de desfrutar da beleza ímpar destes ambientes fluviais e alguns deles aproveitaram para tomarem um banho refrescante.

BalançoA acção terminou na mata de São João no final do dia, com um pequeno lanche. Os responsáveis pela acção, Pedro Pereira, Nelson Pereira e João Carlos Baptista, em conjunto com os restantes participantes fizeram um balanço muito positivo sobre a forma como decorreram os trabalhos, perspectivando-se para o próximo ano uma nova acção deste género. Luís Henriques Pereira, presidente da Junta de Freguesia, participou na acção e referiu que se tratou de uma actividade importante na divulgação do património natural da freguesia, constituindo mais uma forma de promoção do desenvolvimento.
P.L.S.P.
plsp@sapo.pt
Publicado no Jornal de Tondela na Edição N.º 903 - 07/08/2008