Quando li a edição do Jornal de Tondela de 20 de Junho de 2003, chamou-me à atenção o seguinte artigo: “Floresta e o papel dos jovens na sua preservação”. O artigo relatava um debate realizado num dos auditórios do Novo Ciclo sob a responsabilidade da Lusitânia- Agência de Desenvolvimento Regional Dão Lafões. Um dos objectivos deste debate era “incutir nos jovens, nomeadamente do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e do Secundário o papel de que estes podem desempenhar na sua preservação”. Foram abordados vários temas: O eucalipto e os incêndios florestais; A capacidade regenerativa do Pinheiro Bravo ...
Por incêndios florestais entendemos todos aqueles que ocorrem em áreas em que o combustível é sobretudo a vegetação, na realidade são as características dos combustiveis que vão ditar o comportamento do fogo. O concelho de Tondela apresenta na sua maioria povoamentos de pinheiro bravo (Pinus pinaster ) e eucalipto (Eucaliptos globulus). O pinheiro bravo é uma resinosa que foi semeada com enorme profusão, tendo ampliado a sua área depois da política de arborização do «Estado Novo», as montanhas de Portugal transformaram-se então num imenso pinhal, não natural dessas Zonas que tinham sido ocupadas por carvalhais cauducifólios. O pinheiro bravo é pois a resinosa mais frequente no nosso país; como a palavra resinosa indica, esta árvore tem na sua composição química substâncias altamente inflamáveis o que as torna susceptíveis ao fogo. É frequente os incêndios nos pinhais desenvolverem-se sobretudo junto ao solo, queimando a caruma e o mato, podendo afectar em maior ou menor grau as árvores.
Quanto ao eucalipto é uma espécie que a partir da década de 70 começa a sobressair-se cada vez mais e difundir-se rapidamente. Esta difusão atribui-se por um lado, aos incêndios florestais, pois é uma espécie que após um ou mais incêndios na mesma área, cresce rapidamente (muitas vezes depois do corte, rebenta pela cepa). O eucalipto cresce pois com rapidez comparativamente ao pinheiro, o que explica que este último venha a ser substituído pelo primeiro, satisfazendo mais rapidamente as indústrias de pasta de papel e de celulose. Na sua composição química existem substâncias voláteis altamente inflamáveis, que libertam uma grande quantidade de energia ao arder.
Embora nos eucaliptais a vegetação arbustiva não seja geralmente abundante, é fácil um incêndio neste tipo de árvores passar para as copas e propagar-se entre elas, com os riscos próprios deste tipo de incêndios. De acordo com o inventário da D.G.F. (Direcção Geral das Florestas), em 1974 o concelho de Tondela apresentava em termos totais de ocupação de pinheiro e eucalipto, respectivamente 94% e 6% Estes valores são hoje um pouco diferentes, salientando-se o aumento da ocupação de eucalipto, mas mantendo-se ainda uma maior ocupação de pinheiro bravo em relação ao eucalipto
Embora nos eucaliptais a vegetação arbustiva não seja geralmente abundante, é fácil um incêndio neste tipo de árvores passar para as copas e propagar-se entre elas, com os riscos próprios deste tipo de incêndios. De acordo com o inventário da D.G.F. (Direcção Geral das Florestas), em 1974 o concelho de Tondela apresentava em termos totais de ocupação de pinheiro e eucalipto, respectivamente 94% e 6% Estes valores são hoje um pouco diferentes, salientando-se o aumento da ocupação de eucalipto, mas mantendo-se ainda uma maior ocupação de pinheiro bravo em relação ao eucalipto
O concelho de Tondela apresenta em termos gerais três situações bem distintas; por um lado a parte do “planalto beirão” e a vertente oriental da Serra do Caramulo com o predomínio do pinheiro bravo, onde se verifica um sub-bosque caracterizado por urzes, carquejas, fetos e medronheiro; além destas espécies cresce também o eucalipto e mais raramente os sobreiros, castanheiros e carvalhos; o predomínio do pinheiro bravo torna-se cada vez mais escasso “à medida que se sobe”, pois as condições do clima e solo opõem-se à sua presença. A segunda situação são os “cimos da Serra” às quais corresponde sobretudo áreas incultas com predomínio de matos. Estes “cimos da Serra” são pois ermos e o granito aflora em grandes extensões e a existência de árvores é escassa, dominando a urze, a queiró, o tojo, a carqueja, assim como as giestas.
A terceira situação diz respeito à vertente ocidental da Serra do Caramulo, onde nas altitudes inferiores a 600 metros, deixamos de ter pinheiro bravo e começa aparecer o eucalipto em mancha continua, prolongando-se até às proximidades de Águeda.
A terceira situação diz respeito à vertente ocidental da Serra do Caramulo, onde nas altitudes inferiores a 600 metros, deixamos de ter pinheiro bravo e começa aparecer o eucalipto em mancha continua, prolongando-se até às proximidades de Águeda.
Ficando a saber um pouco mais das características da nossa riqueza florestal, poderemos ter todos um papel mais consciente na sua preservação contra os vários riscos a que está sujeita, sobretudo o risco de incêndio.
Pedro Luís .S.Pereira
Publicado em Jornal de Tondela. nº 637- 3 de Julho de 2003.
Pedro Luís .S.Pereira
Publicado em Jornal de Tondela. nº 637- 3 de Julho de 2003.