O processo de descolonização
português (1974-1975) obrigou o senhor José Monteiro a deixar Lourenço Marques
e a regressar, rapidamente, à sua terra natal. Uma experiência, talvez, pouco
feliz, para muitos portugueses, por ter sido um êxodo forçado e ter implicado a
perda de condição social e económica.
Dadas as circunstancias e devido à sua
experiência neste setor, resolveu arrendar um espaço na rua principal de São
João do Monte, onde, abriu uma mercearia. Era “a loja”, como referiram as
pessoas.
Ali, vendia-se um pouco de tudo, pão, petróleo de iluminação, especiarias, carrinhos de linhas, dedais, vinho a copo… O espaço perdurou ao longo de mais de três décadas e o seu encerramento chegou ao fim no ano de 2013. O que fica? Fica a alma de um espaço e de personagens reais, que serão recordados num rol de histórias e imagens nostálgicas…
Ali, vendia-se um pouco de tudo, pão, petróleo de iluminação, especiarias, carrinhos de linhas, dedais, vinho a copo… O espaço perdurou ao longo de mais de três décadas e o seu encerramento chegou ao fim no ano de 2013. O que fica? Fica a alma de um espaço e de personagens reais, que serão recordados num rol de histórias e imagens nostálgicas…
São 4:30 da madrugada, o velho
despertador de corda toca e a mesa de cabeceira estremece, o senhor José
levanta-se para tratar da loja. Aos primeiros raios de luz começava a receber
os primeiros clientes, pessoas de trabalho que vinham aviar o seu
pequeno-almoço ou mesmo o almoço, comprando pão, fruta, bebidas, latas de
conserva, etc. Alguns aproveitavam para o seu habitual bagacinho (mata-bicho).
Durante o dia era um corrupio, pois
não faltava clientela. Sempre simpático e amigo das crianças, adoçando-lhe a
boca com pequenos mimos (rebuçados, etc).
Faziam parte das nossas vidas!
Estavam presentes os guardiões deste comércio local!
Não só recebia, como dava, ajudando
muitas pessoas a viver em momentos difíceis das suas vidas. Fiava e emprestava
dinheiro a muita gente, cambiava os cheques da venda do leite e os vales dos
pensionistas. A comunidade sentia que tinha ali um amigo com quem podia contar.
Alguns abusavam da sua bondade…
Há uns anos atrás, sofreu um acidente vascular cerebral. Toda a gente pensava que seria o fim, porém, recuperou quase totalmente. Foi nesse período de doença que o seu irmão, Manuel, assumiu o negócio, possibilitando que a casa continuasse aberta. Após a sua recuperação, os dois irmãos geriram o negócio com a mesma honestidade e humanidade de sempre!
Há uns anos atrás, sofreu um acidente vascular cerebral. Toda a gente pensava que seria o fim, porém, recuperou quase totalmente. Foi nesse período de doença que o seu irmão, Manuel, assumiu o negócio, possibilitando que a casa continuasse aberta. Após a sua recuperação, os dois irmãos geriram o negócio com a mesma honestidade e humanidade de sempre!
- Vamos encerrar! A casa não tem
condições exigidas pela lei. Também não temos idade para grandes investimentos!
Assim aconteceu, o encerramento de um
dos últimos redutos do comércio tradicional da freguesia de São João do Monte,
foi inevitável. São as vicissitudes da vida e também danos colaterais de um
capitalismo atroz que não tem espaço para os menos competitivos.
Foram acérrimos lutadores, pois
começaram tudo de novo após a vinda de África e trabalharam muito para além da
sua aposentação.
Enfim, tudo acaba! Prestamos-lhes,
aqui, esta singela homenagem, recordando com saudade e um reconhecido bem-haja
pelo respeito e amizade que dedicaram à comunidade.
Texto: O.S.P. Publicado em Jornal de Tondela
(16/0572013)
1 comment:
A realidade de muitos pequenos povoados é comum no que respeita ao desaparecimento destes estabelecimentos com várias funções, tal como descrito no texto.
Este texto deve perdurar no tempo...
Maria
Post a Comment