Título: À Descoberta de Ambientes Ripícolas na Freguesia de S. João do Monte
(Quercus - Núcleo de Vila Real e Viseu)
Data: 29 de Agosto às 09:30 Inscrição Obrigatória (16 vagas)
Descrição: Percurso numa zona de linha de água de montanha: a Serra do Caramulo. Ao longo do percurso observamos e interpretamos aspectos biológicos, geológicos, paisagísticos e patrimoniais relacionados com os Rios Águeda e Mançores.
Ponto de encontro: Pelorinho de S. João do Monte
Como Chegar: Tondela até S. João do Monte ou Caramulo até S. João do Monte
Idade Mínima: 12 anos
Localidade: S. João do Monte / TONDELA / VISEU
Itinerário: Praia fluvial de S. João do Monte-Batoco-Poço Mertangil-Penha da Firma
Número de participantes: 20
Duração: 8 h
Transporte: assegurado a partir do local de encontro
Responsável pela acção: João Carlos C. V. Baptista
Inscrições e mais informações em: http://www.cienciaviva.pt
Notas: Levar comida e água, roupa, chapéu e calçado apropriados. Levar fato de banho e toalha
Informações retiradas de: http://www.cienciaviva.pt/veraocv/biologia/bio2009/
29 de Agosto de 2009
1. Apresentação do tema
Um curso de água constitui uma singularidade ambiental e paisagística dentro das características biogeográficas gerais da área onde se encontra. A maior disponibilidade hídrica e o ambiente mais fresco e sombrio determinam a ocorrência de espécies melhor adaptadas a estas condições. A vegetação que se desenvolve nestas condições chama-se galeria ripícola. A galeria ripícola também é um local que atrai diferentes espécies de aves que aqui encontram protecção, alimento e condições de nidificação.
A composição florística, a estrutura e a disposição destas zonas são determinada principalmente por factores hidrológicos, pelo clima, pelo relevo e por características do solo. De uma forma geral, os ecossistemas ripícolas caracterizam-se por possuírem uma maior diversidade estrutural e específica do que as comunidades vegetais das áreas envolventes.
As zonas ripícolas são importantes para muitos animais que nelas procuram refúgio, diversidade de habitat e abundância de água, ou que as usam como corredor migratório. No próprio curso de água, como resultado da alternância entre zonas não ensombradas e zonas de sombra (proporcionada pelas copas das árvores e arbustos de maior dimensão), os diferentes organismos aquáticos deslocam-se para os locais que apresentam temperaturas mais favoráveis ao seu desenvolvimento. A sombra impede que a temperatura da água seja muito elevada, o que influencia positivamente a quantidade de oxigénio dissolvido, condicionando ainda a fixação no leito de plantas aquáticas intolerantes à sombra, que estão geralmente ausentes ou pouco representadas nos troços ensombrados.
2. Localização
Os locais a visitar neste programa Ciência Viva no Verão 2008, financiado pela Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, localizam-se na área da freguesia de São João do Monte, concelho de Tondela, distrito de Viseu. A Nordeste confina com o concelho de Oliveira de Frades do mesmo distrito, a Noroeste e a Oeste com concelho de Águeda do distrito de Aveiro, a Sul com a freguesia do Mosteirinho do mesmo concelho e a sudeste com a freguesia do Guardão também do concelho de Tondela.
Toda a área da freguesia (4 814 ha ) encontra-se situada na vertente ocidental da Serra do Caramulo. “Com 30 km de comprimento e 1074 m de altitude, a serra do Caramulo constitui uma nítida muralha divisória entre a Beira Litoral e a Beira Alta. A sua disposição é nor-nordeste/su-sudoeste. A sua vertente oriental, imponente escarpa de falha que chega a ter 800 m de altura, sublinha a passagem do ocidente tardi-hercínico Verin-Penacova. A vertente ocidental é menos declivosa e desce progressivamente até à plataforma litoral por um degrau que não ultrapassa os 300 m de altura”. Enciclopédia Geográfica – Selecções do Reader's Digest
3. Hidrografia da freguesia
O rio Águeda e a ribeira de Dornas ou ribeira do Teixo ou ribeira do Souto (designações da carta militar nº187) ou rio de Mançores (designação também atribuída a esta linha de água pelas pessoas da zona) são os dois cursos de água mais importantes da freguesia. Os cursos de água apresentam um encaixe nítido correndo em vales. Toda a freguesia é recortada por imensas linhas de água que correm predominantemente de SE para NO à excepção dos afluentes do rio Águeda que correm na direcção N/S (margem direita) e S/N (margem esquerda). Estes cursos estão associados a uma intensa fracturação e a uma forte escorrência facilitada pela precipitação abundante e pelos declives das vertentes. É neste ambiente hidrográfico que iremos descobrir/explorar alguns dos maravilhosos ambientes ripícolas da freguesia, que nos transmitirão, com toda a certeza, um forte cheiro selvagem. Ficamos com a certeza de que muito há para explorar e descobrir na freguesia de são João do Monte relativamente ao tema, no entanto, fica o desejo de em próximas actividades da Ciência Viva o podermos fazer.
4. Itinerário
4.1.Concentração na Vila de São João do Monte junto ao Pelourinho
Os participantes concentrar-se-ão junto ao Pelourinho e a casa da Câmara (cadeia), localizados no alargo do antigo Concelho. Foi vila e sede de concelho até 1855. Nesse ano, com a reforma de Frederico Guilherme da Silva Pereira e Rodrigo da Fonseca Magalhães o Concelho de São João do Monte foi extinto, passando para Tondela todas as suas freguesias, excepto as de Alcofra, Arca e Varzielas. Em 1997 recuperou o seu título de Vila. A vila de São João é a sede de freguesia e para além deste aglomerado existem mais dezoito povoados, dois deles sem habitantes.
4.2. Percurso Pedestre: Vale da Broa- Chão da Ribeira- Batoco- Solheira- Açor (margens do rio Águeda)
Um percurso de cerca de 3,5 Km , nas margens e leito do rio Águeda, onde se poderão observar aspectos biológicos, geológicos, paisagísticos e patrimoniais. O lugar mais longínquo do ponto de partida chama-se Batoco. Aqui, relativamente próximo da nascente, o curso de água começa a “ganhar algum caudal”, justificando-se, com toda a legitimidade, a designação de Rio Águeda.
Ao nível biológico salientamos algumas das espécies vegetais da galeria ripícola, nomeadamente: salgueiro, amieiro, junco, zangarinho, hortelã d’água …
Ao nível biológico salientamos algumas das espécies vegetais da galeria ripícola, nomeadamente: salgueiro, amieiro, junco, zangarinho, hortelã d’água …
Ao nível biológico salientamos algumas das espécies vegetais da galeria ripícola, nomeadamente: salgueiro, amieiro, junco, zangarinho, hortelã d’água …
“ Salgueiro é o nome comum das plantas do género salix, família salicaceae. O nome de salix parece proceder do celta e quereria dizer: próximo da água. Tem sido utilizada, experimentalmente, para recuperar águas poluídas devido à sua capacidade para absorver e transformar poluentes em matéria orgânica.” Em Portugal, além do salgueiro branco, existem outras espécies de salgueiro nativas como o salgueiro-negro (salix atrocinerea, brot.). Os salgueiros são das árvores mais características da beira dos rios e dos seus ramos preparam-se os vimes que tanta importância tiveram tradicionalmente na cestaria”. (http://pt.wikipedia.org/wiki/%20salgueiro). O Amieiro (Alnus glutinosa), também conhecido por Alder, é uma árvore ripícola mediterrânea. A sua madeira resistente à água e de baixa densidade, é muito utilizada na construção de corpos de guitarras sólidas. O Amieiro tem como característica sonora um som mais aveludado com grave bastante profundo. O junco (juncos) é uma planta da família das juncáceas. Apresenta caules de cerca de um metro de altura, lisos, cilíndricos, flexíveis, pontiagudos, cor verde-escura por fora e esponjosos e brancos no interior… Cresce em lugares húmidos, próximo dos rios. “No livro dos Salmos, diz-se: «(…) Repreendeu o mar Vermelho e este se secou, e os fez caminhar pelos abismos, como pelo deserto». O mar não se chamava Vermelho no tempo dos acontecimentos bíblicos. Chamava-se (e é assim que consta do original) mar dos Juncos. NOGUEIRA, 2004. O zangarinho é um arbusto da família das Romnáceas, comum nas terras húmidas. Também conhecido por lagarinho, sanguinho, zangarinheiro e amieiro-negro. A hortelã d’água (Mentha aquática), é uma planta perene, de talos muito ramificados. As flores que aparecem entre Junho e Outubro são muito pequenas e formam uma cabeça rosa ou branca. Cheira a menta e encontra-se em lugares húmidos, rios, ribeiras, fontes e nas beiras de caminhos encharcados. Uma outra espécie que aparece com alguma frequência nas margens do rio, apesar de não ser propriamente ripícola é o gibardeiro. (Ruscus aculeatus L.). Trata-se de um arbusto vivaz, pouco vulgar, que aparece na zona da Europa mediterrânica, estando igualmente presente no Sudoeste da Ásia e no Norte de África. Mantêm-se verde durante todo o ano, apresentando um rizoma, caule subterrâneo, a partir do qual brotam vários caules rígidos e verdes, alcançando entre 10 a 150 cm de altura. O fruto é uma baga de cor vermelha viva com uma a quatro sementes. Dos seus ramos fazem-se vassouras para varrer ruas e limpar chaminés. As espécies descritas, apresentam-se em ambos os troços dos rios a visitar (Águeda e Mançores).
Ao nível do património histórico, destacam-se as poldras, representação zoomórfica e núcleo de sepulturas antropomórficas. Para se atingir as sepulturas ter-se-á de ultrapassar o rio Águeda numas pequenas poldras. As poldras são pedras espetadas em posição vertical no fundo do rio, alinhadas e distanciadas regularmente, para que as pessoas com o alcance de um passo firme e um certo equilíbrio consigam uma travessia em segurança. A representação zoomórfica surge num rochedo, nas proximidades do núcleo de sepulturas antropomórficas. A figura representa um quadrúpede com a cabeça em direcção à terra e a cauda formando uma ligeira espiral (CARVALHO, A., 1981). O núcleo de sepulturas antropomórficas de Valdasna encontra-se situado no Lugar de Açor, sendo constituído por quatro sepulturas antropomórficas e uma grande pia quadrangular escavada na rocha.
4.3. Almoço na mata
Na belíssima mata de São João do Monte predominam carvalhos que proporcionam refrescantes sombras nos meses de Verão. Recentemente foi alvo de uma intervenção que teve a preocupação de manter o equilíbrio entre o natural e o humanizado.
4.4. Praia Fluvial Paraíso
Quem visita esta praia, pode passear ao longo de um enorme manto verde, apreciando o canto dos pássaros e o correr das águas do rio Águeda. Tanta natureza e tanta serenidade são as razões que levam muitos visitantes a procurar este "Paraíso", especialmente, durante os meses de Verão. “ (…) Segundo a portaria, das 16 praias fluviais existentes no distrito, apenas a praia de Folgosa, em Castro Daire, e a praia fluvial de São João do Monte, em Tondela, reúnem as normas de segurança e de qualidade. A lista foi elaborada pelo Instituto da Água (INAG), em conjunto com as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regionais (CCDR), ”. In Jornal do Centro, ed. 283, 17 de Agosto de 2007. Neste espaço, chamamos também atenção para a antiga ponte românica de cinco arcos que liga as duas metades da vila…
4.5. Mançores
A povoação de Mançores, encontra-se a 150m, sendo a localidade da freguesia com menor altitude. A dividir a aldeia passa o rio, que nesta zona é designado de rio de Mançores (afluente do Águeda). O rio descreve um meandro e surge um poço fluvial com uma profundidade considerável, designado pelos locais de Poço lagar. Aqui realizar-se-á um pequeno percurso junto ao rio, onde se pode observar a beleza paisagística, bem como, descobrir outras espécies ripícolas, para além das descritas anteriormente. Neste rio como no Águeda, destaca-se a riqueza piscícola: trutas, bordalos, enguias…
4.6. Queda de água no rio Águeda- Penha da Firme
O rio Águeda, nasce na Serra do Caramulo e muito se “entusiasma” a levar águas frescas ao Vouga, depois de receber águas do Alfusqueiro, junto de Bolfiar. Nesta zona o rio apresenta um encaixe nítido, correndo num vale apertado (vale em V). Este vale coincide com o contacto ente o granítico e o xistos, podendo o seu curso estar condicionado por falhas. Nas zonas de falha as rochas foram esmagadas e, por isso, a sua alteração química é mais pronunciada. Nestas faixas de falha as rochas são mais facilmente erodidas. As zonas de falha são na maior parte das vezes aproveitadas para a instalação e encaixe dos cursos de água. Por outro lado como o xisto é mais facilmente erodido que o granito e criam-se relevos por erosão diferencial, como é o caso da Penha da Firme.
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